Tuesday, November 21, 2006

Desenlace



Amor de malas prontas,
acho que agora posso chorar.
Do meu peito-endereço
ao teu novo
[caminho,
que em tal sorte não sei,
tudo é cinza e nublado.

Tu me deixas e saio de te.

Do vazio intragável
no nada herdado em solidão,
as sobras completam
o que para mim
foi e é resto.

Crer, admitir, aceitar...
ou qualquer outro verbo
chamado sentença
jaz-me vivo
no imóvel desocupado que sou
do lado esquerdo do sol;
e se desta forma te esvais
[cheia de porquês
em palavras pesadas,
a repugnância da tua voz
enfeita o absurdo
ao qual tento engolir em cacos.

Ao abuso adquirido considero soro.

Vil em estar,
perto ou longe,
posso ser lixo, calçada
ou pano perdido
no chão de lástimas
onde descansei
minhas frágeis esperanças.

Amor de malas prontas,
desenlace,
acho que agora posso voar.


*
*
*

1 comment:

Luiza Caetano said...

Lindo este Poema Eduardo!
Parabéns,muito sucesso em tua Poesia.
Bj
aPr